Estudantes da melhor
faculdade de medicina do país têm apresentado uma defasagem na formação básica
que pode comprometer seus estudos e seu futuro profissional: a falta de
fluência em inglês.
O diagnóstico foi
feito pela direção da Faculdade de Medicina da USP, que passou a tomar
iniciativas para estimular os alunos a estudarem o idioma, especialmente os
termos técnicos da área.
Em julho, a faculdade
promoverá a primeira "winter school", ou escola de inverno, um curso
de duas semanas ministrado em inglês.
Dos 60 inscritos, dez
são brasileiros. O objetivo é que, inseridos em um ambiente internacional,
mesmo os alunos que não participam do curso fiquem em contato com colegas
estrangeiros. Precisarão falar em inglês e terão dimensão da necessidade de
dominar o idioma.
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Essa é a expectativa
do professor Aluísio Segurado, coordenador da comissão de internacionalização
da faculdade. "Ainda há certa inibição, inércia. Como não são cobrados, os
alunos não dedicam tempo a isso", diz.
Há dois anos, a
faculdade passou a oferecer uma oficina optativa de redação de artigos
científicos em inglês. A USP não permite que
sejam oferecidos cursos obrigatórios em inglês na graduação, porque, como o
domínio da língua não é requisito no ingresso, não pode ser exigido nessa
etapa.
Segurado diz, porém,
que o treinamento dos alunos é e será cada vez mais inevitável por dois
motivos. O primeiro é o maior
ingresso de alunos vindos do ensino público,
facilitado por políticas de inclusão adotadas pela USP nos últimos anos, como a
concessão de bônus no vestibular.
Docentes citam estudo
da Unicamp que apontou desempenho inferior desses alunos em inglês, ainda que
não nas demais disciplinas.
O segundo motivo é a
oferta de programas de intercâmbio no exterior, amplificada pelo programa
Ciência sem Fronteiras, do governo federal. Com cada vez mais alunos querendo e
podendo estudar fora, maior a necessidade de se dominar a língua inglesa.
Além disso, é
fundamental acompanhar a produção contemporânea. "É difícil imaginar que
um médico que não leia inglês consiga se manter atualizado", afirma
Segurado.
O professor Luiz
Fernando Silva diz notar que "muitos alunos ficam boiando" em
palestras de estrangeiros. Ele observa o
surgimento de empresas que traduzem textos científicos do português para o
inglês. O serviço, se usado indiscriminadamente, impede a autonomia, diz.
Fonte: www.folha.com.br
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