terça-feira, 24 de abril de 2012

Traduções Simultâneas na ONU



Traduções pouco diplomáticas




Os intérpretes simultâneos na ONU traduzem os discursos dos delegados na mesma velocidade em que estes normalmente falam. Se uma palavra crucial para o debate for traduzida de modo incorreto, precisa ser revista no decorrer da discussão, sob o risco de transformar as conversações numa festa do Chapeleiro Louco, extraída de Alice no País das Maravilhas.

Um incidente assim ocorreu durante a época da descolonização, quando um representante do Império Britânico lia um relatório das atividades de uma região sob custódia do Reino Unido durante uma assembléia. Quando falava das tentativas do pessoal do lugar (antigamente denominado apenas “nativos”) para combater as pragas de besouro-rinocerontes, o intérprete de russo compreendeu a palavra “rinoceronte”, mas não “besouro”.

O delegado russo, portanto, interrompeu para perguntar como os nativos podiam equipar-se para resistir à invasão de inumeráveis rinocerontes. Recebeu a resposta de que o pessoal do lugar recebia vassouras e baldes de produtos químicos. Isso lhe pareceu não só armamento insuficiente para combater o ataque de rinocerontes, mas também prova da má vontade colonialista em distribuir armas de fogo aos africanos para proteção contra ataque de animais ferozes. O delegado russo ainda disse que restam apenas algumas centenas de rinocerontes na África, por que então deveriam ser exterminados? O delegado britânico respondeu que há milhões deles e que na primavera eles voam do norte e comem as cascas das arvores.

A essa altura, a discussão já se havia complicado tanto que a sessão precisou ser suspensa até que a palavra “besouro” foi localizada e traduzida corretamente.

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