segunda-feira, 23 de julho de 2012

Estudo de idioma para Olimpíada e Copa exige planejamento imediato


Aulas voltadas apenas à conversação, comuns quando se quer acelerar o aprendizado, não seriam a melhor alternativa.


A Copa do Mundo, em 2014, e a Olimpíada, em 2016, vão colocar o Brasil no roteiro de milhares de turistas. Durante os eventos, cidades-sede e regiões próximas entrarão em uma força-tarefa para atender às necessidades de pessoas ávidas por informações e dicas sobre a melhor hospedagem, os pratos mais saborosos e os pontos turísticos que merecem uma visita. Entre os maiores empecilhos, no entanto, está o idioma.

Faltando apenas dois anos para o primeiro evento, o maior obstáculo para aqueles que não têm conhecimento de outra língua é justamente o tempo. Para a coordenadora pedagógica do curso de idiomas da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Janette Carvalhinho de Oliveira, quem deseja ir além do português precisa de, no mínimo, três anos de aulas. "Assim, estará entre básico e intermediário. O ideal seria estudar quatro anos, para estar mais bem preparado", afirma.

Aulas voltadas apenas à conversação, comuns quando se quer acelerar o aprendizado, não seriam a melhor alternativa. "Ninguém fala uma língua sem saber gramática. Se não conhecer a estrutura, não vai saber falar. Mas também não é possível aprender apenas com base nas regras, pois a prática também é importante. Deve haver um equilíbrio", recomenda a professora.

Segundo ela, pessoas com conhecimento intermediário podem deixar para pegar os livros e apostilas até um ano antes dos eventos. "Aí, é hora de revisar tudo o que esqueceu e treinar conversação em situações reais", aconselha. Outra dica é conhecer os pontos turísticos e suas características, o que pode ser útil para instruir ou passar informações aos turistas.

No Rio de Janeiro, cidade-sede da Olimpíada de 2016, crianças e adolescentes também já estão tendo aulas de inglês desde 2010. Segundo a Empresa Olímpica Municipal (EOM), organização responsável pelo projeto, até 2014, todos os 530 mil alunos do 1º ao 9º ano do ensino fundamental das 1.066 escolas municipais serão atendidos.


Cursos voltados para profissionais

Pensando em quem estará trabalhando nesse período, algumas escolas de idioma já lançaram cursos específicos para capacitar profissionais. "Temos um curso recomendado para profissionais como taxistas, telefonistas, garçons, camareiras e pessoas relacionadas a outras funções de serviço e suporte", diz Lilian Forlani, gerente de marketing do Yázigi. Durante as aulas, os alunos aprendem a interagir com turistas, a compreender pedidos e a respondê-los adequadamente, além de dar informações, indicar pontos turísticos, prestar primeiros socorros e solucionar problemas.


Procura menor fora de Rio-São Paulo

Inglês e espanhol são os carros-chefes dos cursos de idiomas. Contudo, para os eventos esportivos, quando turistas de diversas partes do mundo desembarcam por aqui, a necessidade é diferente: além do tradicional, deve crescer a procura por profissionais com conhecimento em outras línguas.

Na busca por diferenciação, o interesse por línguas como o japonês também vem crescendo. No entanto, segundo o chefe do departamento de japonês do Kumon, André Pantarotto, o panorama pode não estar relacionado apenas à Copa do Mundo e à Olimpíada. "Crianças e jovens buscam o japonês por outros motivos. O foco nos eventos esportivos é maior no caso de adultos, inclusive já tivemos alunos que precisavam aprender o idioma para melhorar seu desempenho com turistas", diz.

Além da proximidade dos eventos que vão atrair milhares de turistas - estima-se que, em tempo de competições, cerca de 100 mil japoneses desembarquem no Brasil -, a febre do mangá (quadrinhos) e anime (ilustrações) tem motivado os mais jovens. "Aprender japonês permite ter acesso a um leque de informações muito grande, tanto por meio impresso quanto virtualmente. Mesmo sem ir ao Japão, torna-se possível o contato com literatura acadêmica e de especialização profissional. O país oferece muitas bolsas de estudo e, nesses casos, o idioma é muito importante. É interessante acadêmica e profissionalmente", destaca Pantarotto.

Contudo, para Ronaldo Ribas, coordenador de idiomas e cursos de extensão da Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), em Manaus (AM), esse interesse por outras línguas ainda não surgiu - ao menos não com relação à Copa e à Olimpíada. O inglês, diz ele, continua sendo o número um. "Acredito que isso esteja relacionado ao fato de que ainda não sabemos qual delegação ficará hospedada em que cidade. Por conta disso, não há como direcionar o foco ao ensino de uma língua, o que pode explicar a procura pelo inglês", destaca.

Ribas acredita que a divulgação dos destinos das delegações vai facilitar a preparação dos profissionais. "Por enquanto, o que percebemos em relação a movimentação em torno de eventos esportivos são cursos voltados a policiais militares, motoristas de táxi e profissionais do turismo", diz.

Da mesma forma, a professora Maria Cláudia Bido diz ainda não ter observado aumento no número de matrículas no Unilínguas, centro de idiomas da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), em São Leopoldo. A coordenadora geral da instituição acredita que a maioria das pessoas ainda não percebeu os eventos como possibilidade de trabalho. "Deve haver vagas tanto para cargos que exigem mais ou menos qualificação. Mas todos eles vão exigir uma segunda língua.

Independente da função do contratado, ele pode ser ver em situações em que vai precisar dar informações, recepcionar pessoas, ajudar alguém. Já existe procura por parte de profissionais ligados a serviços de apoio e área da saúde, mas ainda é uma movimentação muito tímida", diz.

Por isso, aos interessados em desfrutar da diversidade cultural garantida para a época dos eventos, a recomendação é se programar. Com muita prática, vai ficar mais fácil aproveitar ao máximo esse período de intercâmbio sem sair do nosso País.



Fonte: www.portaleducacao.com.br



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